O site australiano theage.com.au entrevistou o guitarrista/vocalista  do METALLICA James Hetfield antes do show da banda em 18 de setembro de  2010 na Acer Arena em Sydney. Você pode ver aqui a conversa em inglês, cujos trechos traduzidos seguem abaixo.
Sobre como a banda mudou ao longo dos anos.
Hetfield.:Acho  que amadurecemos. Acho que o principal é que percebemos o que é  realmente importante e o que não vale a pena lutar, e muito disso tem a  ver com a dinâmica interna da banda. Agora todos nós temos filhos,  nós percebemos como somos infantis às vezes. (risos) As coisas estão  bem melhores. Eu não achei que as coisas poderiam ficar melhores que nos  nossos 20 anos e então vieram os 30 e os 40 – estamos com 40 agora. É  incrível.
Sobre se ele sente que o METALLICA ainda está em seu auge. 
Hetfield.:Acho  que sempre vamos pensar assim. (risos) O que as pessoas nos dizem pode  ser diferente, sabe? Mas eu sinto que mentalmente, e eu diria  fisicamente, estamos em melhor forma do que estávamos anos atrás.  Mentalmente, com certeza – estamos nos dando bem, realmente muito bem.  Fisicamente, sabe – estamos na estrada por uns 30 e alguns anos, e todos  nós temos nosso “Ai, meus ombros”, ou “Ai, minha garganta” ou “Minhas  costas”. Sempre há alguma coisa.
Sobre fazer isso por 30 anos sem uma pausa.
Hetfield.: Bem,  teve vezes que dissemos, ‘Precisamos dar um tempo’. Depois da turnê do  ‘Black Album’ no início dos anos 90, estávamos em turnê por quase três  anos e precisamos dar um tempo de verdade disso. Eu compreendo que  muitos fãs do METALLICA  por aí pensam ‘Ok, agora que a turnê acabou, ótimo. Agora não vamos  ouvir música alguma pelos próximos 5 anos’, ou ‘Eles não voltaram aqui  por oito anos’. É um longo ciclo para nós e estamos tentando agilizar  isso, mas vamos no ritmo que precisamos ir.” 
Sobre quando ele acha que a banda não estava com muito bom gosto.
Hetfield.: Ai,  meu Deus. Todos temos nosso... cada membro da banda individualmente  teve sua, tipo, escorregadela, em momentos diferentes – seja por causa  das drogas,  do sexo ou da bebedeira... O ‘Black Album’ foi tipo uma das vezes em  que as coisas estavam mais fáceis e, ‘Uau, estamos em turnê por todos os  lugares’. Foi tipo como se tudo estivesse alinhado, especialmente nos  Estados Unidos, onde era simplesmente... nada dava errado. E ficamos  meio complacentes e meio que despreocupados com essa responsabilidade.  Não é dessas coisas horríveis que acontecem do tipo que você lê nessas  biografias, mas todos nós tínhamos nossos problemas pessoais.
Sobre ir para a reabilitação em 2001 e como isso o mudou.
Hetfield.: Cara...  a reabilitação foi... realmente foi como a Universidade que eu nunca  fiz. Ou, na verdade, os pais que deveriam ensinar mais... ou explicar  bem melhor as coisas da vida. O que aconteceu lá foi ser retaliado até o  osso e depois reconstruído de um modo diferente – de uma forma mais  adulta. Você nunca sabe o que as pessoas não sabem sobre a vida e que  todos acham que sabem – coisas que seus pais te ensinam ou quem quer que  seja, coisas que você foi pegando ao longo do caminho. E não foi aquele  country club que você agora vê na TV. Reabilitação, a palavra, é solta  por aí como se não fosse nada. ‘Ei, é o lugar para se estar agora’. E  isso é realmente triste, porque era pra ser um lugar onde você seja  capaz de ser você mesmo e dizer, ‘Socorro’ – render-se completamente – e  não se parece com isso mais. É meio que triste.”
Sobre o  documentário "Some Kind Of Monster" e se ele foi um ponto crucial para a  banda tanto quanto para os fãs no sentido de conhecerem o METALLICA. 
Hetfield.: Foi  um renascimento para mim. Aquela foi uma experiência de vida  inacreditável, muito catártica. Se eu não passasse por isso, muitas  outras coisas não teriam acontecido, realmente, eu acho. Mas como artista,  achamos que era totalmente válido arriscar ou o que quer que fosse...  Você não pode errar com a honestidade – não pode. E isso nos ajudou  realmente bastante, ter uma relação mais profunda com os fãs, em outro  nível. Na apresentação (no pré-show), é inacreditável o que os fãs dizem  agora ao invés do rápido, ‘Oi, ótimo, obrigado. Oi, bonita camisa’. Ok,  próximo. Há coisa do tipo, ‘Você salvou minha vida’, tem também ‘Meu  pai faleceu e eu não sabia o que fazer e escutei sua música’. Isso é um  outro nível.
Sobre como seria a reação dele há trinta  anos se alguém lhe dissesse que depois deste tempo estaria tocando num  show de ingressos esgotados na Acer Arena em Sydney na Austrália.
Hetfield.: Eu  diria, ‘Pode apostar. Pode apostar que eu vou.’ Seria assim. Eu iria  fazer isso. Não havia nada me segurando. Não havia nada... Não havia  outra opção, mas tinha de ser a música – era como, tipo, é isso aí; é o  que eu vou fazer. Eu me lembro claramente do meu irmão dizendo ‘Então  você vai ser uma estrela do rock e vai subir no palco?’, e eu ficava  tipo ‘É’. Eu acho que não sabia o que era sarcasmo na época. Eu ficava  ‘Sim, eu vou’. Era assim.
Hetfield.: É  difícil, porque cada qual tem um lugar no meu coração e todos me  lembram seja sobre o que eu estava passando ou o que queria que  acontecesse na minha vida. Eu gosto muito do 'Ride The Lightning'. Eu  adoro o ‘Black Album’ – gostei de todo o processo. E esse último, 'Death  Magnetic', realmente, realmente me surpreendeu com o que fizemos e a  reação das pessoas a ele.
Sobre o que o surpreendeu no 'Death Magnetic'.
Hetfield.: Bem,  o fato de que as pessoas o acolheram, as pessoas gostaram. ‘Você tem  certeza?’ Ainda me impressiona. Estou lá tocando uma música que é  nojenta, e gritando com as pessoas, e tem uma menina de 18 anos tipo,  ‘Isso!’ O que? (risos) Cadê seus pais? O que está acontecendo aqui? Ou  então tem uns caras de 50 anos batendo cabeça que nem loucos. Acho que  ele realmente gosta disso. Não estamos lá fingindo que somos bons. Há  gente que realmente gosta da música e isso me impressiona.