Vinte anos atrás, no dia 12 de Agosto, o METALLICA lançava um  disco auto-intitulado, comumente chamado de ‘Black Album’. Até então, o  Metallica era uma banda que vendia patches bordadas (ou pintadas em  tecido preto grosso, como no Brasil) para caras com cabelos longos e sebosos.
A partir do lançamento desse disco, tudo mudou no Metal: pro Metallica, pros fãs de Metal, pros fãs do Metallica e pras pessoas que não eram nem fãs de Metal e muito menos de Metallica.  Esse produto – difícil chamá-lo somente de ‘disco’, já que foi um dos  últimos lançamentos épicos que abrangeram vinil, CD e cassete (e vídeo  cassete também, uma vez que tanto o longo e custoso processo de gravação  como a infindável turnê para promovê-lo foram lançados em duas fitas  VHS e dois Laser Discs separadamente à época) – tem, dentre duas muitas  qualidades, uma escolha muito feliz na sequência e cronologia das  faixas, algo que se torna meio intangível em tempos de função shuffle e  playlists. Tal seleção faz do ‘Black Album’ uma audição coesa e com uma  unidade orgânica raramente capturada por uma banda – além de até hoje,  mesmo com os avanços tecnológicos  que a informática trouxe para a fonografia desde então, poder  facilmente levantar a taça de melhor qualidade de som num disco de Heavy  Metal na história.
‘Metallica’ fez com que muito mais  pessoas que jamais cogitariam sequer chegar perto de uma banda com tal  nome fossem atrás dos trabalhos anteriores da banda do que o contrário –  fãs egressos que se ofenderam com a ascensão da banda ao megaestrelato  cujo trono a banda ainda ocupa.
O Black Album tirou a pecha de banda underground do grupo. De  repente, o material da banda não era mais trocado em fitas cassete  obtidas através do amigo de um amigo de um colega de trabalho. Ao invés  disso, você podia ouvir o Metallica   na rádio, a começar pelo primeiro single de trabalho, “Enter Sandman”.  Até a presente data, estima-se que somadas, as vendas de CDs, vinis, e  cassetes, ‘Metallica’ cheguem a 12 milhões de cópias. Isso não  contabiliza as vendas de singles, EPs, camisetas, revistas, pôsteres,  patches, bonés, moletons, cadernos, fitas VHS, Laser Discs, DVDs-Audio, downloads legalizados, etc. Antes de irem para casa e começarem a pensar no sucessor para o trabalho, o Metallica  tinha feito quase 400 shows para promovê-lo. Dificilmente qualquer  outra banda terá, até onde o futuro nos permita ver, um volume de  exposição e comercialização tão maciço e intenso.
Diga você o que  quiser sobre ‘Metallica’, e sobre tudo que eles tenham lançado depois  nos últimos vinte anos: o ‘Black Album’ ainda soa tão forte quanto  nunca, e para a maioria que está lendo isso, permanece sendo uma memória  essencial de sua infância ou juventude.


 








