segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Entrevista Ron McGovney do Metallica


As histórias dos primórdios do Metallica foram grosseiramente distorcidas através dos anos. Ao invés de divagar por ainda outro conto introdutório da ‘’História do Metallica’’,nós aqui do SHOCKWAVE pensamos que você gostaria de obter as informações direto da fonte. Aqui, pela primeira vez na imprensa, o baixista original RON MCGOVNEY nós faz um relato direto!
Foi na escola Downey Elementary onde você encontrou pela primeira
vez James Hetfield?

RM: ‘’A primeira vez que eu encontrei James foi na East Middle School, eu acho que foi na aula de música. James era o único cara na classe que sabia tocar guitarra.

SW: Como vocês se tornaram amigos? Foi o interesse em comum por música?

RM: ‘’Quando nós começamos no Ensino Médio, que foi em Setembro de 1977, todo
mundo tinha seu pequeno grupo - existiam as líderes de torcida, os esportistas, as
pessoas da banda marcial... e você acabava com os que sobravam, isso incluía James e
eu. Nós guardávamos as coisas nos mesmo armários, então começamos a andar juntos.
Naquela época eu não estava no Heavy Metal ou Hard Rock, eu era fã do Elvis... eu
estava chateado quando ele morreu. Ouvia bandas como Doobie Brothers, ZZ Top, The
Eagles... essas coisas do tipo. E a banda favorita do James naquela época era
Aerosmith - ele era grande fã do Steve Tyler. E nosso amigo Dave Marrs o era do KISS.
Dave Marrs, Jim Keshil, James e eu começamos a andar juntos e eles zombavam das
músicas que eu ouvia e eu dava o troco , e aquilo ia de novo e de novo, fazíamos isso a aula toda’’

SW:Durante a Junior High James teve alguma idéia de começar uma banda?

RM: Eu conheci James na Junior High mas não comecei à andar com ele de fato até
nosso ano de calouros no Ensino Médio. Eu me lembro de ter James na minha aula de
direção, James havia desenhado uma grande imagem de Steven Tyler em seu Pee-chee
[uma espécie de pasta] e eu escrevi ‘fag’(gíria:gay) por cima dele, apenas para irrita-lo, e ele teve um ataque na aula. Mas eles começaram a me introduzir no Hard Rock, Foreigner e Boston... bandas como essa, mas então eles me apresentaram o UFO. Eu comecei a fazer aulas de violão quando eu tinha 14 anos, era calouro na escola.

SW:Você não tinha idéia de quando você ia começar a tocar contrabaixo aquela época?

RM:‘’Não, eu não sabia nada sobre baixo ou qualquer instrumento naquela época. Eu
apenas queria aprender como tocar Dust In The Wind e Stairway To Heaven - era meu
objetivo na época.’’

SW: Em que ano James teve a idéia de formar sua primeira banda?

RM:"Estavamos no segundo ano. Ele estava em uma banda chamada OBSESSION, que
era James na guitarra e vocais, Jim Arnold nas guitarras e vocais, Ron Valoz no baixo e vocais, e o irmão dele Rich Valoz na bateria. Eles fizeram cover de rock/metal como...Never Say Die (Black Sabbath) , Rock’n’Roll & Communication Breakdown (Led Zeppelin), Rock Bottom & Lights Out (UFO), e Highway Star (Deep Purple) que era uma das favoritas deles."

SW: James tentou cantar as músicas do Led Zeppelin?

RM:"Jim Arnold cantava elas. James cantou Doctor, Doctor e as outros do UFO eu acho.
Ron Valoz cantava na Purple Haze- eles deveriam desligar os vocais. Eu me lembro
quando Heaven & Hell (Sabbath) apenas saiu, eles começaram a fazer aquilo tão bem
quanto os Scorpions... Eles tocaram primeiro em pequenas festas, isso era lá por ‘79 ou ‘80, nós tinhamos uns 16 anos.

SW: Você não era um roadie para a OBSSESSION?

RM:"Sim. Nos íamos para os ensaios deles na sexta e no sábado na casa dos Valoz’s
em Eastbrook em Downey. Os irmãos Valoz eram como gênios da eletrecidade, eles
encheram o lugar de cabos e luzes e construiram esse sótão na garagem, Dave Marrs e
eu sentavamo-nos lá e cuidávamos das luzes essas coisas... era como um mini-show na
garagem."

SW: Quanto tempo o Obsession durou?

RM:"Lá por um ano e meio... eles se separaram dos irmãos Valoz, então James e Jim
Arnold e o irmão dele Chris Arnold formaram uma banda chamada Syrix, tudo o que eles
tocavam eram covers do Rush, e isso não por muito tempo."

SW: Então essa foi a época em que a mãe de Jamws morreu...

RM:"A mãe dele morreu quando estavamos na 11ª graduação, 1980, e James se mudou
para a casa do irmão dele em Brea, que era uns 20 min. longe de nós. Ele vinha nos fins de semana para praticar."

SW: Ele contou que a mãe dele estava doente?

RM:"Não. Nós não tínhamos idéia. Ele estava sumido por 10 dias e nós pensamos que
ele estava de férias. Quando ele nos disse que a mãe dele havia morrido, ficamos
aturdidos. E quando ele estava limpando o armário dele ele nos disse que ia se mudar
para a casa do irmão em Brea."

SW: Então vocês se encontravam nos fins de semana...

RM:"Naquela época, James não tinha uma banda - ele tinha deixado o Syrinx - ele veio
até minha casa e tentamos um jam juntos com nosso amigo Dave Marrs que tentou tocar
bateria - nós soamos terríveis."

SW: Durante o primeiro ano dele na Brea High School James não formou uma nova
banda chamada ‘’Phantom Lord’’?

RM: "Vejamos... ele conheceu esse cara chamado Hugh Tanner na Brea Olinda High
School e eles formaram a Phantom Lord, mas não era ma banda de fato, eles apenas se
juntaram e tocaram mas nunca fizeram shows. Eles não tinham um baixista, então James
sugeriu que eu tocasse contrabaixo, e eu disse a ele ‘ Eu não sei tocar baixo, eu sequer tenho um cotrabaixo’. James disse ‘Eu vou te mostrar como se toca’. Então nos alugamos um baixo e um amplificador na Downey music center e James me mostrou o
básico, de como segui-lo na guitarra. Então nos começamos a praticar no meu quarto -
naquela época meus pais tinham casas sendo tomadas pelo Estado para construir uma
nova auto-estrada. Meus pais tinham três casas de aluguel e uma delas estava vazia e
eles me disseram que eu podia viver nela uma vez que ia ser demolida. Depois que nos
formamos no Médio, eu e James nos mudamos para aquela casa e transformamos a
garagem em um estúdio de ensaio. Nós isolamos ela e pintamos as vigas de preto,
pintamos o teto de prata, as paredes de branco, e um tapete vermelho!’’

SW: Então isso foi lá por 1981, foi quando o Leather Charm foi formado?

RM:" Sim. Nós tocamos com o Hugh Tanner um pouco, ele era um ótimo guitarrista, mas
decidiu se toranar empresário musical, então era apenas eu e James. Então chamamos
Jim Mulligan, que andava com James na escola para a batera. Nós colocamos um
anuncio para um guitarrista e um cara chamado Troy James apareceu e se juntou a nossa banda, qhe chamamos de LEATHER CHARM. Nós estavamos fazendo um som glam,
como o do Motley Crue, Sweet e essa banda britânica chamada Girl (que tinha Phil Lewis e Phil Colin), nós fizemos aquele som Hollywood Tease. Nós fizemos um monte de covers como Pictured Life do Scorpions, Wrathchild e Remember Tomorrow do Iron Maiden, e Slick Black Cadillac do Quiet Riot (era Randy Rhoads)."

SW:Então, James estava cantando e tocando guitarra essa época?

RM "Não. Ele queria ser um vocalista/frontman então ele deixou apenas Troy na guitarra.Nós começamos trabalhar em três tons distintos, o que culminou na Hit The Lights, que se tornou uma das do Metallica, outra chamada Handsome Ransom, e um som chamado Let’sGo Rock’n’Roll. E combinando os riffs da Handsome Ransom e da Let’s Go
Rock’n’Roll se tornou a No Remorse do Metallica. Nós nunca nos apresentamos de fato,
Mulligan resolveu tocar um som mais progressivo como o do Rush, ele era de fato um
bom baterista. muito técnico e eu acho que ele pensou que nosso som era um pouco
pesado ou glam pra ele aquela época.

SW: Então isso foi em meados de ‘81... foi quando James conheceu Lars?

RM:"Sim. Lars e James foram apresentandos um ao outro pelo Hugh Tanner eu acho,
Hugh trouxe Lars para nossa casa e eu acho que Troy já havia saído da banda então
James voltou a tocar guitarra. Quando ele e Lars ensairam pela primeira vez, eu pensei que Lars era o pior baterista que eu havia visto na minha vida! Ele não conseguia mantar a batida, e comparado à Mulligan, ele não conseguia tocar. Então eu disse ao James,‘’Essa cara é uma *****’’. E eu disse que eles podiam fazer o que quisessem e eu iria apenas fotografar, aquela época eu tirava fotos para o Motley Crue. De qualquer forma,Lars iria vir em breve e eu teria que ouvi-los tocar juntos, e eles estavam melhorando mas eu ainda não me sentia bem em voltar para aquilo."

SW: Vocês estavam trabalhando aquela época?

RM:" Eu acho que James estava trabalhando em um lugar chamado Stevem Label
Corporation em Santa Fe Springs fazendo adesivos como ‘Perigo: Explosivos’ e ‘Alta
voltagem’ que nós colávamos em todo nosso estúdio de ensaio. Eu estava trabalhando
para os meus pais em um oficina de caminhões. Lars ainda estava na escola, ele era um ano mais novo que nós. Ele vivia em Newport Beach então ele tinha que viajar
diariamente de Newport para Norwalk para ensaiar com James."

SW: Em que época Lars disse à James da oportunidade de estar em um album se eles
formassem uma banda juntos?

RM:" James disse me que eles tinham um guitarrista vnido para uma audição. Eu me
lembro de ter aberto a porta e ter visto esse cara negro com traços Jamaicanos. Ele veio e eles começaram a ensaiar a Hit The Lights. Eles tiveram esse baixista por umas 2 ou 3 semanas, eu acho que o nome dele era Glen - ele tinha um cabelo longo e preto - ele não sabia tocar muito bem então eles o tiraram da banda. Lars emprestou uma 4-track TEAC para gravar um demo. Então era James fazendo as bases e riffs e cantando, Lars na bateria, Lloyd tocando os solos e eu no contrabaixo.’’
SW: Então Dave Mustaine não tocou na primeira versão da Hit The Lights que acabou na
coletânea Metal Massacre?

RM:"O.K... Eu acho que na primeira versão do Metal Massacre, eles manteram a parte do Lloyd, Lloyd na verdade apenas apareceu duas vezes, então eles acabaram recrutando Dave Mustaine na guitarra - eles haviam mantido o anúncio na Recycler, eles planejavam usar o Lloyd apenas temporariamente. Como eu me lembro, Dave tocou a sua versão da Hit The Lights, mas eles mantiveram a outra de Lloyd porque a acharam melhor. Agora na segunda edição da Metal Massacre, é tudo do Dave.’’
SW: Então nós estamos no começo de 1982... Metallica é uma banda de quatro pessoas,
com você tocando baixo, você está praticando na sua garagem... como é sua rotina?
RM:’’Nós vamos nos reunir depois do trabalho. James não estava trabalhando aquela
época e Lars estava trabalhando no turno da noite em um posto de gasoilna 24h, e Dave estava... empregado por conta própria. Naquela época era apenas Dave na guitarra e James cantando. Foi aí que James disse que ele não era muito bom vocalista e ele queria apenas tocar as bases. Então nós achamamos esse cantor chamado Sammy Dijon que estava em uma banda local chamada Rhuthless - ele ensaiou conosco por três semanas mas nós nunca nos apresentamos com ele. Eles disseram à Sammy que não estava dando certo e James queria ser o vocalista de novo’’

SW: Então não foi por março de 82, que o Metallica abriu para o show vergonhoso do
Saxon no Whisky?

RM: "Na 4-track TEAC nós gravamos a demo de três sons: Hit the Lights, Killing Time (da banda irlandesa SWEET SAVAGE), e Let it Loose ( da banda britânica SAVAGE). Nós
tinhamos ouvido falar que o Saxon ia tocar no Whisky em Hollywood. Então nós fomos
para o club com a nossa demo, e eu estava andando quando esbarrei com o Tommy Lee
e o Vince Neil do Motley Crue (para quem eu estava tirando fotos aquela época). Eles
disseram ‘Hey Ron, como vai?’. Eu disse a eles que o Saxon estava para tocar no Whisky e eu queria tentar fazer com que minha banda abrisse para eles. Eles disseram ‘Yeah, nós vamos abrir para eles mas nós estamos ficando muito grandes para isso. Venha e eu vou te apresentar você para a garota que faz as reservas.’ Então eu larguei a fita e ela me ligou no dia seguinte, eu me lembro dela dizendo ‘Vocês caras tocam bem... me lembram essa banda local chamada Black’n’Blue.’ De qualquer forma, ela disse ‘Saxon está programada para tocar duas noites; nós teremos a droga do RATT para abrir pra eles a primeira noite e a sua banda pode abrir na segunda.’ Então na verdade nós devemos ao Motley Crue por essa, que foi ótima para nós aquela época. Era o terceiro show do Metallica. Nós na verdade tocamos dois shows aquela noite para abrir pro Saxon.’’

SW: Depois daquele show vocês gravaram uma nova 4-track demo em abril de 82, que
mais tard foi conhecida como ‘’Power Metal’’ demo...

RM: ‘’Nós gravamos aquela demo na minha garagem em uma 4-track. As quatro músicas
foram Hit The Lights, The Mechanix, Jum In The Fire, e Motorbreath - que eram todas
originais. Essas músicas foram regravas em uma demo chamada No Lif Till Leather.
James cantou diferente, como na Jum In The Fure em que ele segura a nota no refrão. Ele estava tentando ser como o vocalista do DIAMOND HEAD Sean Harris, mas mais tard
ele percebeu que eles não soava como ele então decidiu cantar mais áspero. É
engraçado como aquele demo foi nomeado Power Metal. A história é, eu ia fazer uns
cartões promocionais do Metallica pra mandar pros promotores dos clubes junto com a
fita. O cartão era pra ter o ‘Metallica’ logo e o número de contato. Mas eu pensei que parecia tão simples e decidi escrever algo embaixo do logo. Eu não queria por ‘heavy metal’ ou ‘hard rock’, então eu cunhei o termo Power Metal. eu achei que tinha sido uma boa coroa pra frase. Nenhuma banda havia usado ainda que eu saiba. Eu lembro de eu levando os cartões para a banda e Lars ficou furioso. Ele disse ‘O que você fez? Que diabos é Power Metal?! Eu não acredito que você uma coisa estúpida dessas! Nós não podemos usar esses cartões com as palavras Power Metal nele!’. Então, foi como a fita ficou conhecida como Power Metal demo.

SW: Logo depois, Metallica recrutou um novo guitarrista e se apresentou...

RM:"Aham, nós arrumamos esse cara chamado Brad Parker, ou Damian C. Phillips, que
era o nome artístico dele. Nós fizemos um show na Concert Factory na Costa Mesa, e
enquanto James, Lars, e eu mesmo estavamos nos vestindo para entrar, nós ouvimos
aquele solo de guitarra então nós olhamos do camarim e vimos Brad fritando sua guitarra.Então foi o primeiro e último show do Metallica com ele. Mais tarde acho que ele se juntou ao Odin. "

SW: Foi quando James decidiu de vez tocar e cantar?

RM: ‘’Sim. Ele decidiu fazer o que ele faz de melhor, que é cantar e tocar guitarra. E não é uma coisa fácil de se fazer com os riffs que ele toca ao mesmo tempo - realmente muito difícil.’’

SW: Então isso nos traz ao verão de 1982... Você pode nos dizer a história do impopular demo‘’No Life Till Leather’?

RM:’’Lars andava com esse cara chamado Kenny Kane que era uma verdadeira cobra na
grama [pessoa traiçoeira]. Ele tinha esse selo punk chamado High Velocity que era uma divisão da Rocshire Records, uma gravadora de Orange County. Ele disse a ele que poria uma grana para gravarmos um EP. Então nós fomos ao estúdio e gravamos as
m[usicas Hit The Lights, Mechanix, Phantom Lord, Jum In The Fire, Motorbreath, Seek And Destroy e Metal Militia, que foi em estúdio 8-track em Tustin chamado Chateau East. Depois de ouvir nossas fitas Kenny percebeu que não éramos uma banda punk então ele perdeu o interesse. Então nós ficamos com as fitas que enventuamento se tornou a demo ‘No Life Till Leather’’’.

SW: Quem distribuiu essa demo?

RM: ’’Lars e o amigo dele Pat Scott. Ele deveriam gravar fitas e manda-las para fora, eles tinham conexões mundo afora.’’

SW: De quem foi a idéia de pagar um anúncio de página inteira na revista BAM?Aquilo
seria um grande investimento para uma banda jovem esses dias.

RM: ‘’Nos custou $600 que era muito em 1982. Foi provavelmente idéia do Lars e do
James. Eles colocaram o anúncio e me mostraram e disseram que custou $600. Eu disse
‘Ok, Lars...James - onde está a grana de vocês?’ eles disseram ‘Nós não temos nada’ Eu erao único que tinha dinheiro guardado, então eu fiz um check de $600 para a BAM, e até hoje eu não recebi a grana de volta’’ [caloteiros]

SW: Então durante esse tempo você nunca ouviu nenhuma reclamção sobre os
outros membros acharem que você era inferior como baixista?

RM: ‘’Eu não acho que havia motivos para reclamar sobre como eu tocava porque
eu tocava apenas o que eles me pediam para tocar. James me mostrava o que eu
deveria tocar e eu o fazia. Eu percebi a camaradagem entre o James e o Lars ao
longo do tempo e eu não queria me infiltrar.Eu acho que o motivo para eles
manterem algumas das músicas do Dave (Mustaine) foi porque eles pensavam que
ele era um bom guitarrista e o fizeram para mante-lo feliz. Como a Mechanix,
algumas coisas nela era ridículas, então eles acabaram as mudando mais tarde
quando ele estava fora da banda ( e re-entitulando para The Four Horsemen).’’

SW: Então qual é a história sobre Dave Mustaine e seus cachorros?

RM: ‘’Eu acho que foi no verão de ‘82. Dave veio à minha casa no domingo à tarde e ele trouxe seus dois filhotes de pit bull. Eu acho que eu estava no chuveiro aquela hora; de qualquer forma, Dave os soltou e eles começaram a destruir e cagar no meu carro, eu tinha um Pontiac LeMans ‘72 reformado[1] E James apareceu e disse ‘Hey Dave tira essa porra desses charros do carro do Ron!’ E Dave disse ‘ Que merda você falou? Não fale desse jeito dos meus cachorros!’. Então eles começaram a brigar e derrubar a casa toda, então quando eu sai do chuveiro eu vejo Dave socando o James na cara e esse voando pela sala, então eu o agarrei pelas costas e ele me tacou na mesa de café. E daí James levantou e berrou pro Dave ‘Você esta fora da porra da banda! Tira a sua bunda daqui!’ Então Dave pegou toda a porcariada dele e foi embora cheio de raiva. No dia seguinte ele voltou chorando, implorando ‘Por favor me deixem voltar para a banda’.’’

SW: Então como o Metallica entrou em contato com o Cliff Burton, vocês caras viram ele e sua banda TRAUMA na cidade?

RM:’’ Eu acho que nós fomos ao show do TRAUMA no Whisky por alguma
razão. Nós estavamos sentados vendo a banda e do nada ele começou a
solar enquanto os guitarristas tocavam o ritmo e ele balançando a cabeça
pra tudo que é lugar. E James e Lars estavam se curvando para ele. Nós
não falamos com ele naquela noite mas eles puderam se aproximar dele
na outra no Troubadour. Eu não sei exatamente quando eles se
conheceram.’’

SW: Como foi seu primeiro show em São Francisco?

RM:‘’Eu acho que era uma Metal Massacre Night com BITCH, CIRUTH UNGOL, e
eu acho que LAAZ ROCKET. E Ciruth Ungol cancelou então Brian Slagel nos
ligou no último minuto pra preencher o lugar. Era no velho Stone. Eu
aluguei um trailer e nós carregamos com o nosso equipamento e
engatamos ele no ‘69 Ford Ranger do meu pai, e fomos todos nele. Eu
nunca tinha ido à São Francisco antes, eu me lembro de dirigir por
Chinatown com esse trailer e eu estava ficando furioso tentando achar
esse clube. Todos os outros membros estavam atrás bebendo e festejando
e eu estava puto da vida.’’

SW: Mas o show foi muito bom...

RM: ‘’Aham. Nós não tínhamos ideia que nossa demo No Life Till Leather
havia chegado lá, eles sabiam todas as letras e etc. Pessoas pedindo
autógrafos, era uma viagem, nós não acreditamos. Quando tocamos em
L.A. com bandas como o RATT, as pessoas apenas ficaram lá de braços
cruzados’’

SW: Como foi o segundo show em São Francisco em outubro de 82?

RM:’’Aquilo foi no Old Waldorf numa segunda à noite, As pessoas estavam
bem loucas nesse. De fato eu acho que Cliff Burton foi naquele show.’’

SW: Então, você não sabia nada de quaisquer negociações entre outros
membros da banda e Cliff Burton?

RM: ‘’As coisas começaram atrás da casa... minhas coisas estavam
sumindo. A pior coisa foi quando tocamos com a banda de meu amigo Jim
KAOS, e ROXX REGIME (que mais tarde se tornou o STRYPER).
Aparentemente um dos amigos do Dave (Mustaine) roubou meu baixo
Ibanez... minha jaqueta de couro estava perdida... eu estava realmente
ficando doente com a situação. E eu não sabia porque isso estava
acontecendo porque eu fiz o que podia e o que eles me pediam para fazer.
Lars e eu discutimos muito, eu odeio quando as pessoas se atrasam e
usam você o tempo todo e era o que Lars fazia. Eu tinha que dirigir até
Newport Beach para pegar ele, então eu lhe disse ‘Se você não pode
faze-lo, não é problema meu’. Toda vez que faziamos show em São
Francisco eu tinha que emprestar o caminhão do meu pai, pagar pela
gasolina, eu tinha que pagar o trailer do meu bolso, eu paguei pelas suítes
de hotel com o meu cartão Visa... e São Francisco é careira mesmo para
alugar. Eu paguei por tudo isso e eles não entendiam porque eu estava
louco, eles diziam ‘Ora, você está sendo pago depois dos shows’, e nós
estavamos ganahndo $100 por show no máximo, o que sequer cobria a
hospedagem. Mais o fato que bebíamos um par de cem dólares de álcool.
Eu sempre dizia a eles ‘Se eu sou parte dessa banda, porque devo pagar
pro tudo enquanto vocês caras se folgam?’ Eu sugeri que arrumassemos
um empresário ou alguém para nos ajudar porqe eu estava cansando
disso. E eles apenas riam e diziam ‘você tem senso de humor’. Eles não
entendiam, apenas interpretavam como rebeldia.’’

SW: Então você só estava cansado das palhaçadas deçes e provavelmente
não achou que eles fariam sucesso...
So you were just fed up with their antics and you probably didn't think that

RM:’’Correto. Eu sabia o jeito que eles estavam... Dave, naquela época,
estava um cu, e Lars só se preocupava com ele mesmo. Mas o que me
incomodou mesmo foi o James, porque ele era meu amigo e ele estava se
desviando para eles e de repente eu me tornei o exilado da banda.’’

SW: No fime de 82, quando você foi para S.F. pela terceira vez, você tinha
alguma ideia de que eles pretendiam lhe trocar pelo Cliff?

RM: ‘’Depois de ouvi-los falar sobre Cliff, eu tinha alguma ideia. Eu me
lembro que depois daquele show estava chovendo pra caralho e eu vi Cliff,
todo molhado apenas parado lá na chuva. E eu disse à ele ‘Hey cara, você
quer uma carona pra casa?’, eu meio que senti pena do cara. Eu meio que
vi escrito na parede... Nós tocamos no Mabuhay Gardens no dia seguinte,
era um pequeno buraco na parede. Aquele foi minha última apresentação
com o Metallica.’’

SW: Voltando para casa em L.A., você pensou que seria substituído?

RM: ‘’Primeiramente me deixe esclarecer algo... Eu estou falando de muito tempo
atrás, foi à tanto tempo que não faz diferença hoje. Eu só estou dizendo à você o
que eu estava sentindo aquela vez. Eu quero deixar claro que isso não importa
agora, isso foi à 14 anos atrás, são apenas memórias. Eu me dou bem com todas
os caras agora. Então, foi isso que aconteceu... No caminho para casa nós
paramos em uma loja de bebidas, eu estava dirigindo, e eles arrumaram um galão
de whisky. James, Lars e Dave estavão completamente cozidos. Eles
constantemente esmurravam a janlea para mim parar pra eles mijarem, e de
repente eu olho e vejo o Lars deitado no meio da linha dupla amarela do Interstate
5 [trem]. Era inacreditável! E eu apenas disse ‘ que se foda essa merda!’. Então um
dos meus amigos me disse que testemunhou Dave derramar cerveja bem nos
captadores do meu baixo Washburn e dizendo ‘eu odeio a porra do Ron’. No outro
dia meu baixo não funcionou. Minha namorada da época também me disse que
havia ouvido que eles queriam trazer Cliff para banda.’’

SW: Você acha que a inteção deles era te pentelhar até você decidir sair da banda?

RM: ‘’Eu não sei. Se você ouvir a versão deles, eles dirão que me chutaram pra
fora. Mas eu nunca, nunca mesmo ouvi ele me dizerem:’Você está fora da banda’.
O que aconteceu foi que, depois de Dave ter fodido meu baixo, eu confrontei a
banda quando eles eles vieram praticar na minha casa e eu disse ‘Saím pra fora da
porra da minha casa!’ Eu me virei ao James e disse, ‘Sinto muito, James, mas você
vai ter que ir também’. E eles foram embora nos próximos dias. Eles embalaram
todo o equipamento e se mudaram para São Francisco.’’

SW: Então tudo isso aconteceu lá pela primeira semana de dezembro de 82.

RM: Aham. Foi logo depois que nós voltamos daquela viagem para S.F. Eu estava
tão chateado com a coisa toda que eu vendi todo meu equipamento: meus
amplificadores, estojos, eu até mesmo vendi minha Les Paul que agora deve valer
uns $1.200. Eu estava irado com a coisa toda. Então em 1986, meu amigo Katon
DePenna, que era vocalista, me disse que eu deveria voltar. Eu tinha algum dinheiro
no banco aquela época então eu fui e comprei um baixo Fender P e um
amplificador meia pilha(?) de baixo. Então Katon e eu começamos a tocar e
formamos uma banda chamada Phantasm. Era mais um punk progressivo, é difíci
ldescrever; as letras eram punk mas a música tinha diferentes tons de mudanças
nelas. Nossos dois primeiros shows como Phantasm foram ans mesmas duas
noites com os dois primeiros shows do Jason com o Metallica, quando eles
tocaram no Country Clube & Jezebel’s. Eu acho que era 8 e 9 de novembro. Nós
tocamos no Fenders Ballroom em Long Beach com cerca de outas 10 bandas
punks. Também tocamos no Fenders para abrir para o Plasmatics para umas
1,500 pessoas - foi totalmente legal, aquela foi na verdade a maior platéia pra qual
eu toquei. A razão do Phantasm acabar foi porque eu me bombardeava com as
coisas do Metallica, e a banda ficou cheia disso. Um monte de caras vieram aos
nossos shows apenas porque eu havia sido membro do Metallica. Quando nós
fomos tocar no Phoenix todos os caras de Flotsam e Jetsam estavam pulando do
palco e depois do show todo mundo me bombardeou por autógrafos. Então
apenas me distanciei e desde de então eu não entrei pra mais nenhuma banda.’’

SW: Qual foi o momento mais memorável quando você estava no Metallica?

RM: ‘’Provavelmente a primeira vez que tocamos a Whiplash, eu acho que foi no
Barty’s (Roller Rink in Fullerton). Aquele foi o som mais ‘’bate cabeça’’
[headbanging]. Todas as vezes que tocávamos aqueles som chutava tudo quanto
é bunda.’’

SW: E o pior memento?

RM: ‘’Provavelmente no fim, quando eu descobri que estava ferrado. Eu teria sido
melhor como manager pago do que baixista, provavelmente eu teria sido mais
respeitado. Mas como eu disse, essa foi toda a história...’’
‘’A verdade é que as coias não estavam dando certo. Eu era uma pessoa diferente
aquela época. Eu era uma pessoa ousada que sempre ficava bêbado e me divertia
com James e Lars que eram garotos loucos. James dificilmente falava com as
pessoas, nós fizemos aquele show com o Saxon e era ele quem estava cantando
mas era eu quem falava entre as músicas. A coisa toda era que eu havia bebido
muito. Mas eu fodi uma vez e me custou a banda e eles foderam 100 vezes... teve
momentos que eu tive que carregar tanto James quanto Lars porque eles estavam
bêbados.’’

FIM Obrigado por ler minha tradução, o resto são os famosos ‘’elogios’’ de
Mustaine ao Metallica que todos conhecem.
Longa vida aos HeadBangers e ao Metallica

Fonte:http://www.metallicaworld.co.uk/Interviews/1997_ronmcgovney.htm